Partir
Vai de terra em terra
Mas não te espantes
De ser de terra nenhuma.
Coleciona os adeuses e sorrisos ansiosos
Daqueles que sabem ver-te
Apenas nunca mais,
E luta para que
O último beijo saiba sempre
A um sorriso amarelo.
Para quem está habituado a partir,
O abraço mais apertado
Na Gare do Oriente
Tem a aspereza de uma mentira.
Sei melhor hoje
Do que são feitos os sonhos,
Altos por jazerem sobre jazigos
De revoluções esquecidas,
Intensos como seria a dor
No funeral de um tio afastado e rico.
É errado, quente;
Partir é cortar uma algibeira pesada
Como se fosse lastro:
A memória existe só
Nas cicatrizes do tecido,
A ausência é uma não recordação
Do que existiu,
Envelhece como desculpa,
Cala a nossa vida da vida dos outros,
Porque existir é um privilégio da memória coletiva
Como sofrer é privilégio de quem vive,
Ser esquecido é privilégio de quem não está.
Ai condição última do que é criado!
Egoísmo em êxtase perante o segredo
Da nossa obra que vive sem os outros
E morre sem nós.
Partir é apenas isso,
Quebrar o que de mim
Foi do mundo,
Andar numa outra parte
Só para ser desconhecido.
Porque partir é perder-se de propósito,
Tentar encontrar-se na novidade.
Só quando tudo é novo
Faz sentido estar perdido,
E como eu não sei nada
Não me arrependo de ter partido.
Mas não te espantes
De ser de terra nenhuma.
Coleciona os adeuses e sorrisos ansiosos
Daqueles que sabem ver-te
Apenas nunca mais,
E luta para que
O último beijo saiba sempre
A um sorriso amarelo.
Para quem está habituado a partir,
O abraço mais apertado
Na Gare do Oriente
Tem a aspereza de uma mentira.
Sei melhor hoje
Do que são feitos os sonhos,
Altos por jazerem sobre jazigos
De revoluções esquecidas,
Intensos como seria a dor
No funeral de um tio afastado e rico.
É errado, quente;
Partir é cortar uma algibeira pesada
Como se fosse lastro:
A memória existe só
Nas cicatrizes do tecido,
A ausência é uma não recordação
Do que existiu,
Envelhece como desculpa,
Cala a nossa vida da vida dos outros,
Porque existir é um privilégio da memória coletiva
Como sofrer é privilégio de quem vive,
Ser esquecido é privilégio de quem não está.
Ai condição última do que é criado!
Egoísmo em êxtase perante o segredo
Da nossa obra que vive sem os outros
E morre sem nós.
Partir é apenas isso,
Quebrar o que de mim
Foi do mundo,
Andar numa outra parte
Só para ser desconhecido.
Porque partir é perder-se de propósito,
Tentar encontrar-se na novidade.
Só quando tudo é novo
Faz sentido estar perdido,
E como eu não sei nada
Não me arrependo de ter partido.
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