(I)realidades
E se um dia parasse o ar?
E a chuva pingasse nunca mais?
E se a solidão morresse como um suspiro
E o destino fosse um desenho meu?
A obra e a vontade dão as mãos
Em espaços fortuitos
Como eu nunca pensei que fosse destino,
E talvez o segredo do mundo seja
A realização profunda da complexidade
Das coisas.
As circunstâncias vão ditando os passos
De uma poesia quotidiana.
As canetas do meu cogito escrevem,
Talvez com a tinta das minhas veias,
Uma história em mata-borrão.
É indistinta e indispensável
(A não ser para mim e para outros significantes)
Queima-se, fatídica, num fogo
Que é de vista,
De um querer que arde em todos.
As posses são nada
A rua nada é,
Tudo o que toco, sinto, vejo,
São construções avulsas e subjetivas
De um real auto-construído
Para que me faça sentido.
Até as palavras que escrevo
E os livros que leio,
São dores alheias, cavalos de guerra
Doutros tantos que também sonharam.
Até eles são referências esquecidas,
Candelabros a óleo precários
Na triquilitância da brisa fria do amanhecer,
Que se esbatem nas cores
De um Sol de novo dia.
Perdem-se ao longe na vista grossa
Da mocidade invicta
Do desejo
Da ambição
Do sonho
Da ação
Da labuta
Do querer.
Os sonhos são gentilezas da inocência,
Presentes de um Natal nevado
Que não é mais do que uma noite fria.
A vida é uma efemeridade tola
E, ao sê-lo, é bela e descomprometida.
No entanto carburamos nela
As esperanças de uma estrela caduca,
E brilhamos ao ritmo de um cintilar
Que não é mais do que o arfar
Da vontade.
Vivemos, claro,
Mas às costas de tantas outras vidas
Que não realizamos como importantes.
O acordar para a crueza dos outros
É a mais dura das lições,
E a palmatória da gratidão
Dói-nos mais que todas as guerras do Mundo.
O desabrochar da nossa flor não faz do jardim belo,
O cair da nossa pétala não faz o Outono,
O enegrecer do nosso caule será nunca
A tristeza do bosque,
E o estrume fétido dos nossos falhanços
É a estaca de altos ramos que podem nunca ser os nossos.
Que fazemos nós longe de quem amamos?
Que luta é esta no cinzento das cidades?
Que prosas, poemas, peças e quadros
Pintam hoje os sofredores?
Que diversão é esta
A que chamamos entretenimento?
Construções em cima de contruções
Escadas em chãos de vidro,
Necessidades das necessidades
Falácias e derrapagens constantes
São as vidas que fracassam
Em estruturas irrefletidas.
Edifícios mentais sem planta,
Arquiteturas desmedidas
Perspetivas enviesadas e mortes silenciosas
Do acérrimo espírito de felicidade.
Há apenas a consciência inequívoca
Da inconsequências dos atos singulares.
Porque Camões e Pessoa não são, senão lidos;
King e Mandela não são, senão ouvidos;
DaVinci e Dali não são, senão vistos;
Outros não são, senão escutados,
E a Vida nunca será, senão sentida.
E a chuva pingasse nunca mais?
E se a solidão morresse como um suspiro
E o destino fosse um desenho meu?
A obra e a vontade dão as mãos
Em espaços fortuitos
Como eu nunca pensei que fosse destino,
E talvez o segredo do mundo seja
A realização profunda da complexidade
Das coisas.
As circunstâncias vão ditando os passos
De uma poesia quotidiana.
As canetas do meu cogito escrevem,
Talvez com a tinta das minhas veias,
Uma história em mata-borrão.
É indistinta e indispensável
(A não ser para mim e para outros significantes)
Queima-se, fatídica, num fogo
Que é de vista,
De um querer que arde em todos.
As posses são nada
A rua nada é,
Tudo o que toco, sinto, vejo,
São construções avulsas e subjetivas
De um real auto-construído
Para que me faça sentido.
Até as palavras que escrevo
E os livros que leio,
São dores alheias, cavalos de guerra
Doutros tantos que também sonharam.
Até eles são referências esquecidas,
Candelabros a óleo precários
Na triquilitância da brisa fria do amanhecer,
Que se esbatem nas cores
De um Sol de novo dia.
Perdem-se ao longe na vista grossa
Da mocidade invicta
Do desejo
Da ambição
Do sonho
Da ação
Da labuta
Do querer.
Os sonhos são gentilezas da inocência,
Presentes de um Natal nevado
Que não é mais do que uma noite fria.
A vida é uma efemeridade tola
E, ao sê-lo, é bela e descomprometida.
No entanto carburamos nela
As esperanças de uma estrela caduca,
E brilhamos ao ritmo de um cintilar
Que não é mais do que o arfar
Da vontade.
Vivemos, claro,
Mas às costas de tantas outras vidas
Que não realizamos como importantes.
O acordar para a crueza dos outros
É a mais dura das lições,
E a palmatória da gratidão
Dói-nos mais que todas as guerras do Mundo.
O desabrochar da nossa flor não faz do jardim belo,
O cair da nossa pétala não faz o Outono,
O enegrecer do nosso caule será nunca
A tristeza do bosque,
E o estrume fétido dos nossos falhanços
É a estaca de altos ramos que podem nunca ser os nossos.
Que fazemos nós longe de quem amamos?
Que luta é esta no cinzento das cidades?
Que prosas, poemas, peças e quadros
Pintam hoje os sofredores?
Que diversão é esta
A que chamamos entretenimento?
Construções em cima de contruções
Escadas em chãos de vidro,
Necessidades das necessidades
Falácias e derrapagens constantes
São as vidas que fracassam
Em estruturas irrefletidas.
Edifícios mentais sem planta,
Arquiteturas desmedidas
Perspetivas enviesadas e mortes silenciosas
Do acérrimo espírito de felicidade.
Há apenas a consciência inequívoca
Da inconsequências dos atos singulares.
Porque Camões e Pessoa não são, senão lidos;
King e Mandela não são, senão ouvidos;
DaVinci e Dali não são, senão vistos;
Outros não são, senão escutados,
E a Vida nunca será, senão sentida.
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