Herança

Linhas por que me cozo
Não as sei eu.
Uma consciência igual à de um qualquer retalho
Com que me visto,
Também ele feito de outros tantos
De origens inauditas.

Sofro a supitante alvorada da ignorância
Como um torpor de bátegas
Tombando de um céu longínquo;
Também elas desconhecem
Porque chora o céu.

E perdido na súbita derrocada
Da cógita inquietude,
Adormeço a impulsa vontade
De escutar os meus retalhos,
Reverberações esquálidas
Das minhas vestes passadas,
Memórias sufragadas no esquecimento
De quase tudo o que faz da vida
Uma enxurrada de pretéritos.

Que seria da Humanidade
Sem o advento do passado
Qual capote em dia de Sol?
Tê-lo é a maldição que o recato
Das bagadas de suor requerem
Na sua origem.
Fica dúbia a sua existência:
Se pela força da labuta,
Se pelo peso da carga
De um fabrico herdado.

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